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O dia em que o ViSta-se ganhou seu primeiro funcionário


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Por Fabio Chaves, fundador e editor do ViSta-se | Hoje, 17 de janeiro de 2013, é um dia muito especial para o ViSta-se e para mim, é o dia em que começa a trabalhar o primeiro funcionário full time do projeto: eu.

Quando eu registrei o endereço www.vista-se.com.br, em 09 de maio de 2007, não imaginei que chegaria o dia em que eu escreveria o que vou contar agora para vocês. A partir de hoje, eu sou funcionário em tempo integral do projeto que eu criei, que acredito e que vivo dia após dia.

Este é um dos raros textos atuais do ViSta-se em primeira pessoa, mas foi assim que o projeto começou, como um blog, como uma válvula de escape e é assim que eu quero explicar o que estou sentindo hoje.

O começo de tudo

Sou Diretor de Criação Digital e estou no mercado da internet desde 2003. Passei por 6 empresas da área nestes 10 anos. Em meados de 2005, comecei a pesquisar sobre abate de animais (não havia para mim ainda o termo “vegetariano”) e encontrei muitas informações no saudoso Orkut e em vídeos do recém inaugurado Youtube.

Comecei a estudar bastante sobre o tema porque algo me incomodava ao ver sangue e partes de animais no meu prato, apesar de considerar, até então, uma coisa necessária. Sou orgulhosamente filho de nordestinos e já comi coisas que provavelmente a maioria de vocês nem chegaria perto. Fui criado em sítio no interior de São Paulo e via animais sendo mortos para ir para a panela com frequência. Porém, apenas com 23 anos eu fui atrás de mais informações.

Depois de pensar no assunto e procurar sobre abate de animais por 1 ou 2 meses, eu comecei a reduzir a carne das minhas refeições. Quando me dei conta, eu já era ovolactovegetariano (não consumia nenhum tipo de carne, mas consumia laticínios e ovos).

Eu estava tão feliz que parecia que eu havia tirado um nó da minha cabeça, um peso das costas. Eu queria perguntar para todo mundo se elas sentiam o mesmo em relação ao consumo de animais. Comecei a conversar com os colegas do trabalho e enviar e-mails internos nas empresas que passava e fui apelidado – com razão – de spammer (quem gera spam, manda muito e-mail que não interessa aos outros). Bom, se você trabalhou em alguma empresa comigo em Campinas-SP, sabe do que eu estou falando (rsrs).

Eu sempre tive muitas ideias e facilidade para humanas, não para exatas. Não fiz nenhum curso superior e, para ser sincero, nunca prestei nem vestibular. Essa inexperiência talvez tenha sido boa porque quando a gente descobre as coisas por nós mesmos, a gente tende a dar muito mais valor ao aprendizado.

No início de 2007, já me considerava ovolactovegetariano há um ano, aproximadamente. Eu vi que seria muito mais eficiente eu fazer alguma coisa online, onde pessoas de qualquer lugar do mundo pudessem acessar, do que encher a caixa de e-mail dos colegas de agência (de publicidade).

O início do ViSta-se

No início, não me ocorreu fazer um site de notícias, provavelmente não haveria tempo para um projeto audacioso assim. Sempre fui apaixonado por camisetas e logo liguei tudo: design+vegetarianismo+camisetas. Decidi que faria um site de venda de camisetas com temas vegetarianos. Assim, divulgaria a causa que eu acreditava ser de extrema importância (e ainda acredito) e faria isso com design, outra paixão pessoal.

Eu tive a ideia de lançar o ViSta-se em uma quarta-feira de manhã. No mesmo dia, a tarde, a primeira página estava no ar. Era um aviso, preto, dizendo que ali nasceria um site de venda de camisetas com temas vegetarianos. Naquela quarta-feira, provavelmente apenas alguns colegas de trabalho conheceram o ViSta-se, depois que eu enviei mais um spam (rsrsrs).

O espírito empreendedor sempre esteve comigo, veio do meu pai, que trocava gibis antigos por mais novos até conseguir vender um bem recente e entrar na sessão do cinema, quando era criança. Empolgado, fiz quatro estampas e mandei fazer algumas camisetas. O nome “ViSta-se” vem daí, originalmente. Eu queria vestir as pessoas com informações sobre o vegetarianismo. O site faz isso até hoje, mas com palavras, ao invés de tecidos.

A venda de camisetas ia bem e eu estava feliz. Nada que me fizesse parar de trabalhar no mercado publicitário, mas eu conseguia pagar as contas do site com as camisetas e estava divulgando a causa e ajudando os animais. A satisfação pessoal era grande.

Um belo dia – e vou ficar devendo a data -, decidi colocar algumas notícias na primeira página do site. Dicas de eventos, informações de estudos sobre vegetarianianismo e essas coisas. A resposta foi imediata. Recebi dezenas de mensagens de pessoas que achavam o site muito legal e agradeciam pelas informações. A venda de camisetas não aumentou, mas o site começou a dobrar o número de acessos mês a mês.

Aos poucos, percebi que as notícias no site eram mais importantes que as camisetas e que os e-mails para os colegas de trabalho. Fiz do ViSta-se o meu blog pessoal. Tudo que eu descobria de legal sobre animais e vegetarianismo eu colocava nele. É assim até hoje, mas com outra linguagem, mais jornalística e em terceira pessoa.

De ovolactovegetariano a vegano

A essa altura eu tinha uma responsabilidade grande nas mãos: dar informações corretas e atualizadas às pessoas que acessavam o site. Naquela época, esse número não passava de 200 por dia. Por pesquisar muito mais sobre o tema do que no primeiro ano, para encontrar conteúdo relevante para o blog, comecei a me dar conta de uma coisa: eu não estava tão certo quanto eu achava que estava até então. Tentei ignorar algumas vezes, mas a relação entre crueldade e o consumo de laticínios e ovos não me deixavam dormir direito. Eu já me considerava vegetariano, já me sentia bem por não colaborar com a morte dos animais. Mas ainda faltava um passo. E este foi o mais difícil e o mais firme de todos.

Muitas coisas na minha vida acontecem muito rápido e com esse assunto não foi diferente. Ainda em 2007, eu decidi me tornar vegano. Seria impossível manter a postura de “libertador dos animais” se eu não aplicasse isso no meu dia a dia. Tudo que eu pesquisava dizia que o leite e os ovos são desnecessários e crueis. Até hoje, não achei absolutamente nem um argumento que justifique as atrocidades dessa indústria e é por isso que eu continuo vegano.

A primeira grande mudança no projeto: o Clube do ViSta-se

Em 12 de abril de 2012, após 5 anos de trabalho voluntário com o ViSta-se, lancei o Clube do ViSta-se. Foi a melhor forma que encontrei de gerar renda com o projeto ViSta-se e ainda ajudar as pessoas a economizar com produtos veganos. Todo mundo consome, menos ou mais. Incentivar as pessoas a consumir o necessário, de forma mais barata e ética me pareceu uma grande ideia.

O Clube do ViSta-se nada mais é do que o resultado de todo o networking que fiz com empresas que vendem produtos que são úteis para veganos ao longos dos primeiros 5 anos do projeto. É um cartão de benefícios que os usuários do site compram para ter descontos em empresas que eles já gostam e em outras que eles nem sabiam que existiam mas que podem ajudar no dia dia vegano.

Mais uma vez, a resposta foi imediata. As pessoas começaram a comprar o cartão e a demonstrar seu apoio ao projeto como um todo e à ideia do Clube do ViSta-se. Vi que poderia, um dia, sair do mercado publicitário e me dedicar ao ViSta-se integralmente.

Chegamos em 17 de janeiro de 2013

Com menos de um ano do Clube do ViSta-se, fico muito feliz em anunciar que este dia chegou. Eu sou o primeiro funcionário do ViSta-se, o maior portal vegetariano do Brasil. Isso é possível exclusivamente por conta dos ganhos com o Clube do ViSta-se, que hoje é uma empresa regulamentada.

Hoje, o portal recebe mais de 5 mil visitas únicas diariamente, com picos de até 13 mil pessoas em um só dia. Por mês, mais de 100 mil IPs (códigos que identificam um computador) passam pelas páginas do projeto que criei durante aquela quarta-feira de 2007.

A sede do ViSta-se

Atualmente, a sede do ViSta-se tem aproximadamente 1 metro quadrado e ocupa toda a extensão da mesa da sala do apartamento que eu moro, em São Paulo. E um laptop é todo o equipamento que possuo para trazer o conteúdo do site a vocês. Felizmente, uma sede de aproximadamente 8 metros quadrados está sendo finalizada na cidade de Campinas, dentro de um outro apartamento, para onde “toda a parafernalha” do ViSta-se será levada.

Muito, muito obrigado a você

Se você está comigo neste texto até aqui, provavelmente temos muito em comum. Acreditamos que um projeto como o ViSta-se pode ajudar os animais e pode também ajudar as pessoas a viver melhor. Recebo muitas mensagens de apoio e não consigo achar o número de pessoas que já me escreveram dizendo que deixaram de comer animais por causa dos meus “spams”, agora muito mais eficazes (rsrs). Alguns ex-colegas de trabalho, que recebiam as primerias mesagens indevidas dentro das empresas, se tornaram veganos também.

Eu sei que tem muita gente que acompanha todas essas mudanças no ViSta-se desde 2007 e espero que eu não esteja decepcionando vocês. Daqui para frente é trabalhar ainda mais e, a cada dia que eu acordar, vou estar mais feliz de me sentar em frente a este computador e dar sequência a tudo isso. O olhar de um animal salvo da morte e vivendo em um santuário vai me ajudar a insistir em escrever o que nem todos estão interessados em ler.

Muito obrigado pelo apoio, de verdade.

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