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Coelhinhos da Páscoa acabam abandonados


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Sabine condena atitude de quem presenteia bichinho como se fosse brinquedo

Sabine condena atitude de quem presenteia bichinho como se fosse brinquedo

Do Estadão | Ah, a Páscoa! Tempo de confraternizar em família, de dar ovos de chocolate para quem se gosta, coelhinhos…Opa! A ativista animal Sabine Fontana sente até arrepio quando ouve o nome do bicho nesta época. Fundadora do projeto Adote Um Orelhudo, Sabine conta que, só na Páscoa do ano passado, recolheu 30 coelhos abandonados em apenas dois parques de Florianópolis, onde mora.

Diz que os animais em geral são dados às crianças por pais que acham mais autêntico brincar com eles vivos do que com modelos de pelúcia ou plástico. Indignada, ela afirma que não existe a intenção de dar ao filho um lastro afetivo com o animal, mas simplesmente um “brinquedo”. Segundo Sabine, ninguém pensa no trabalho que vai ter para criar o bicho depois.

“As pessoas não têm ideia de como criar um coelho. Então, acabou a festa, a criança não quer mais saber de brincar com ele, os pais acham que faz sujeira, ninguém mais quer cuidar, a maior parte se livra deles”, explica a ativista.

Manifestações. Munida de uma faixa com os dizeres “Animais não são produtos ou mercadorias, não os compre, não os use, não os coma”, ela rumou pelo menos sete vezes nas últimas semanas para a porta de uma empresa agropecuária no centro da capital catarinense. “A reação das pessoas é muito boa. Alguns dizem que percebem que é realmente um absurdo tratar um coelho como se fosse um objeto. Outros já seguiam uma dieta vegetariana (como ela) e alguns disseram que passariam a seguir”, conta ela, que foi acompanhada em suas manifestações por ativistas independentes que se conheceram em sites como Orkut e Facebook.

Eles não chegaram a entrar na agropecuária, para fazer campanha perto da barraca dos coelhos, nem chegaram a fazer contato com os comerciantes. “O pior é que aqui em Florianópolis é proibido vender filhotes de cães e gatos, mas não de coelhos, cobras, camundongos. E tem gente que compra o coelho e dá para cobra comer. Não é o fim?”

Criaturas silvestres. Nos Estados Unidos, a ONG House Rabbit Society costuma recolher cerca de 2 mil coelhos abandonados depois da Páscoa. “As pessoas que os compram para dar de presente aos filhos, com o chocolate, não pensam neles como criaturas essencialmente silvestres”, diz Margo Mello, presidente da HRS, que foi criada há 23 anos e tem sede na Califórnia.

Margo afirma que, embora na Páscoa o abandono dos animais seja maior, no restante do ano também acontece. “Nossa missão não se restringe a acolher os coelhos, mas em dar educação a quem quer criá-los.”

A fisioterapeuta Cristina Muller, de 32 anos, diz ter aprendido por experiência própria que não é uma boa ideia dar coelho “de verdade” para os filhos na Páscoa. Cristina acedeu ao pedidos de sua filha Vitória, de 5 anos, e encomendou um em uma pet shop perto de casa. Não se arrependeu tanto por “ideologia”, mas pelo “trabalho que deu depois”. “Acabei soltando o bichinho no Ibirapuera.”

Sabine tem seis coelhos em seu apartamento. Ela diz que criá-los ali não é tão contraindicado quanto pode parecer. “Eles aqui estão protegidos, bem cuidados, é até melhor.”

O tempo todo preocupada com o teor da reportagem, Sabine pergunta ao fim: “Espero que sua matéria não acabe incentivando, e não evitando, o comércio de coelhos na Páscoa.”

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