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De forma sensacionalista e errada, Veja afirma que vegetarianos têm mais risco de demência

Superficial, sensacionalista e irresponsável.


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Esta semana, o site da revista Veja publicou uma matéria com o seguinte título: “Por que veganos e vegetarianos têm maior risco de demência” (acesse aqui). Note que há uma afirmação de que esse grupo de pessoas necessariamente tem mais risco de desenvolver demência.

A conclusão da Veja surgiu a partir de afirmações feitas por um jornalista norte-americano, e não com base em estudos sérios sobre a questão ou na opinião de cientistas. As afirmações que nortearam a matéria da Veja são de Max Lugavere, feitas durante uma entrevista ao jornal britânico The Telegraph (acesse aqui). A Veja cita essa entrevista de Max.

Max é um jornalista de ciência e pesquisador autodidata sobre alimentos que fazem bem ao cérebro. Ele é autor do livro Genius Food, citado pela Veja. Max não é nutricionista ou médico.

A matéria da Veja cita quatro nutrientes que protegem o cérebro e que, segundo Max, estariam menos disponíveis para quem não consome produtos animais: ferro, colina, ômega-3 e vitamina B12.

Em resposta à matéria da revista Veja, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) afirmou que o risco de demência está ligado à falta de nutrientes, e não necessariamente ao vegetarianismo (acesse aqui). A instituição esclareceu também onde os vegetarianos podem encontrar com facilidade os nutrientes citados pela Veja.

Ômega 3: chia e linhaça.

Colina: aveia, soja, brócolis e quinoa.

Vitamina B12: suplementação.

Ferro: feijões, melado de cana, extrato de soja em pó.

A vitamina B12 é de origem bacteriana, e não de origem animal, mas os animais têm essa vitamina em suas carnes e secreções porque recebem altas doses de suplementos de B12 nas fazendas e também porque acabam consumindo essas bactérias do ambiente em que vivem.

Na matéria, a Veja também cita que mulheres devem consumir até 500 g de carne por semana e que qualquer nível abaixo disso poderia colocá-las em risco para depressão e ansiedade. Desde 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica as carnes processadas (bacon, salsicha, linguiça, presunto etc) como cancerígenas, no mesmo grupo de risco que o cigarro. E as carnes vermelhas não processadas como provavelmente cancerígenas.

Ainda na matéria da Veja, é uma citação ao consumo de ovos por conta do nutriente colina. Mas, como vimos antes, aveia, soja, brócolis e quinoa, entre outros alimentos vegetais, também têm esse nutriente.

Não há outra forma de classificar a matéria da revista Veja senão como superficial (por basear-se somente na opinião de um jornalista), sensacionalista (pelo título conclusivo e errado), e irresponsável (por atrapalhar o trabalho sério de instituições, médicos e nutricionistas que divulgam os benefícios de uma alimentação sem nada de origem animal).

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