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Saiba quem é Célio Studart, primeiro deputado federal vegano da história do Congresso Nacional

Histórico.


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O cearense Célio Studart (Facebook / Instagram / Site da Câmara), que há poucos dias tomou posse de seu mandato de deputado federal, é o primeiro vegano a ocupar uma cadeira no Congresso Nacional. Solteiro, Célio tem 31 anos, é filiado ao Partido Verde (PV) e é advogado por formação. Foi o segundo deputado federal mais bem votado do Ceará.

Como vereador em Fortaleza, capital do Ceará, Célio afirma ter dedicado boa parte de seu mandato para lutar pelos animais. O contato com a proteção de cães e gatos acabou colocando o parlamentar em convívio com vegetarianos e veganos. Então, ele decidiu parar de comer animais há mais de um ano e há poucos meses decidiu se tornar vegano.

Já em seu primeiro discurso na Câmara dos Deputados, Célio mencionou a comunidade vegana e cobrou de seus pares que as demandas desse grupo sejam avaliadas com atenção na casa.

Abaixo, em entrevista exclusiva para o portal Vista-se, Célio explica um pouco mais sobre sua carreira política, sobre como se vira para comer na Câmara dos Deputados e sobre o que pretende fazer até 2022, quando termina o seu primeiro mandato em Brasília.

Vista-se: Há quanto tempo o senhor é vegano?
Célio Stuart: Sou vegetariano há mais de um ano. Há poucos meses dei os passos rumo ao veganismo, não somente na questão alimentar, mas também no vestuário e outros itens. Diante disso, venho priorizando sempre aqueles produtos que não tenham componentes animais. É uma escolha sintonizada não apenas com minhas bandeiras na vida política, mas também com reflexos positivos para a minha saúde. Além disso, acredito que esta postura simboliza um respeito com os animais, visando cada vez mais livrá-los do sofrimento e da exploração. É diante dessa experiência pessoal que ressaltei, da tribuna da Câmara, já em meu primeiro discurso, a necessidade de as pessoas aprenderem com veganos e vegetarianos.

O que o motivou a decidir pelo veganismo?
Ao longo dos últimos anos atuei com paixão na causa animal, abraçando essa bandeira com um vigor inédito na política local. Isso se refletiu não apenas nas propostas legislativas, mas também nas ações em parceria com a sociedade civil, visando, sobretudo, mobilizar e conscientizar. Em meu mandato como vereador em Fortaleza, para o qual fui o candidato mais votado, com quase 40 mil votos, não apenas fui o campeão na apresentação de propostas sintonizadas com a causa animal, mas também levei para as ruas uma série de ações neste sentido por meio do Movimento São Francisco de Defesa dos Animais. É o caso do Pet pra Pet, no qual as pessoas levavam suas garrafas pets e trocavam por rações doadas para abrigos de animais. Destaco também a Cãorrida e a Cãomiada. Estes e outros eventos ampliaram a vivência cotidiana com veganos e vegetarianos, me levando a uma reflexão pessoal e um convencimento sobre os inúmeros benefícios proporcionados por esse estilo de vida.

Como têm sido os primeiros dias na Câmara dos Deputados? Há opções no restaurante da casa ou o senhor leva da sua casa?
Os primeiros dias na Câmara foram bem intensos. Já no primeiro momento apresentei três projetos de lei, sendo dois voltados à causa animal. O primeiro propõe cadeia para quem maltratar ou abandonar animal, enquanto o segundo proíbe o uso de veículos com tração animal – basicamente carroças – em áreas urbanas. Na Câmara dos Deputados há mais de um restaurante, facilitando boas escolhas. Principalmente em um deles, no subsolo do Anexo III, há opções de alimentos veganos. É, portanto, uma alternativa viável para o dia a dia. Tomei posse há poucos dias e ainda estou me adaptando a esta nova vida em Brasília. Mas aqui na capital federal meu padrão alimentar será o mesmo de Fortaleza. Avalio levar para a Câmara alimentos preparados em casa para facilitar o dia a dia diante da correria da agenda em Brasília, além de poder fazer minhas próprias escolhas, sem depender de um cardápio de restaurante.

O senhor tem propostas diretamente ligadas ao veganismo que deverão ser protocoladas?
Sim. Planejamos promover audiências públicas e apresentar projetos de lei com o intuito de proibir o transporte de “cargas vivas”, fazer frente contra a liberalização da caça, além de bater de frente contra situações específicas, como no caso da absurda exportação de jumentos para alimentação no exterior. Também considero prioritárias outras propostas, a exemplo da redução de tributos para empresas e estabelecimentos que trabalhem com alimentação vegana e o fomento a micro e pequenos empreendedores cujo produto final seja diretamente ligado ao veganismo. Pretendo, ainda, atuar visando estimular a educação e a conscientização para o consumo de alimentos veganos, fortalecer a pesquisa nutricional dos insumos de natureza vegana e encontrar mecanismos de popularizar e tornar mais acessível a dieta vegana. Ou seja, vamos cuidar de trazer à Câmara dos Deputados as pautas gerais dos veganos e vegetarianos, a fim de gerar uma crescente conscientização sobre como a alimentação sem crueldade é importante para construirmos uma sociedade mais correta e justa para todos.

Quais foram as suas principais realizações pelos animais e meio ambiente como vereador em Fortaleza?
Além das mobilizações já destacadas, estive à frente de diversas ações não somente no exercício do mandato, mas até mesmo com o uso de recursos próprios. Realizei vários resgates, castrações e consegui adoções para animais abandonados, por exemplo. E mais: instalei casinhas para animais abandonados nas praças de Fortaleza e, também, comedouros em pontos de abandono. Como vereador, liderei várias ações de destaque. Fui autor da lei que criou a Coordenadoria de Proteção e Bem-Estar Animal em Fortaleza, primeiro órgão de proteção animal do estado. Além disso, fui o criador da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos dos Animais. Também criei a lei que proíbe o transporte irregular de animais e destinei mais de R$ 377 mil para castrações. Solicitei ao Governo do Estado que fosse criada a Delegacia contra os maus tratos aos animais e defendi a instalação de um Hospital Público Veterinário. Essa unidade prestaria assistência a centenas de animais e beneficiaria milhares de pessoas sem condições de pagar por atendimento em clínicas privadas. O reconhecimento dessas e de outras ações foi vista na rua e nas urnas, com a votação expressiva que me trouxe para o mandato federal. Chego à Câmara com a experiência positiva na Câmara Municipal e nas ruas de Fortaleza. Quero, agora, ser uma voz aguerrida no Parlamento em defesa da causa animal e do meio ambiente. Ressalto, por fim, que também lutarei bastante pelo fim dos fogos barulhentos.

Assista abaixo ao trecho do primeiro discurso de Célio Stuart na Câmara dos Deputados.

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