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A carne nas mãos do comodismo – Parte 2


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por Mariana Pauletti Lorenzo
Convém citar os humanos denominados antropocêntricos, que consideram-se melhores e acima que os demais seres. Estes não possuem sensibilidade o suficiente para incorporar uma nova ótica – a de ver os animais no mesmo patamar que os humanos. Do outro lado há os senciocêntricos, que defendem a idéia de que o homem encontra-se no mesmo nível que os demais seres, não havendo uma hierarquia.

Acredito que estes possuem um nobre espírito e atingem a felicidade e satisfação ao verem que suas atitudes não contribuem para o sofrimento dos demais seres. Não são, portanto, egoístas como os antropocêntricos.

Como aponta Thoreau (1854):

“O que degrada um homem não é o alimento que entra pela boca, e sim o apetite com que é comido. Não é a qualidade nem a quantidade, mas a devoção aos sabores sensuais; quando aquilo que é comido não é pasto para sustentar nossa vida animal ou inspirar nossa vida espiritual, e sim para alimento para os vermes que nos possuem. Se o caçador gosta de tartarugas-de-lama, de ratos almiscarados e outras dessas iguarias selvagens, a dama elegante aprecia a geléia feita com pata de um bezerro ou sardinhas do outro lado do oceano, e assim estão quites. Ele vai ao açude, ela ao pote de conservas. O surpreendente é como eles, como você e eu, comendo e bebendo, podemos viver essa viscosa vida animal.”

Como se pode observar na primeira frase do trecho acima,  “o que degrada o homem não é o alimento que entra pela boca, e sim o apetite com que é comido”, levanta-se a questão da impureza do homem ao ter vontade e prazer de comer carne. Vale dizer que em caso de, por exemplo, sobrevivência, como acontece com os náufragos, é compreensível sua vontade, até primitiva, de caçar um animal e comer desesperadamente sua carne. Mas a questão é: viver com a abundância de vegetais de todos os tipos e sabores e ainda assim ter uma vontade de apreciar o sabor da carne (temperada), tal fato repousa no egoísmo, gula, impureza e até maldade.

“Nossa vida toda é alarmantemente moral. Nunca há um instante de trégua entre virtude e o vício. A bondade é o único investimento que nos falha”, diz Thoreau (1854).

É degradante ver a maioria dos seres humanos felizes ao consumir carne. Contribuem para uma tremenda maldade, alimentam seu ego e mostram-se felizes. Segundo minha ótica, estes são antropocêntricos e impuros. Indiretamente, todos que se alimentam de carne, matam um animal. O mais degradante é que a maioria nem pensa no animal que está comendo, apenas no prato feito em si.

Vale ratificar que há de certo modo uma elevação espiritual ao deixar de comer carne, pois fazendo o bem, o resultando é sentir-se bem. Os antropocêntricos podem tornar-se senciosêntricos, é preciso apenas despertá-los. Ao possuir carne em sua dieta, além do fato de, de certo modo, não ser ético, desequilibrada cada vez mais a Terra. Para poder alimentar bilhões de humanos, é preciso criar trilhões de animais. E para alimentá-los é preciso destruir milhares de hectares de florestas para plantar milhares de culturas. Milhares de toneladas de gases metano são liberados por dia, contribuindo para o efeito estufa. Em suma, “comer carne é ruim para nossa saúde, é ruim para o meio ambiente e financia diretamente crueldades flagrantes contra animais. A decisão é sua. Por favor, faça a escolha da compaixão”, como disse Paul McCartney (2010).

“E todos, após milhares de anos, tornaram-se homens cegos

Cegos pela ignorância!

Dominados pela preguiça e comodismo, ficaram sem força

Fracos, escolheram viver nas sombras, à mercê dos dias, dos costumes” – afirmo!

Referências bibliográficas:

– THOREAU, Henry David. Walden. 1854. Coleção L&PM Pocket. Rio de Janeiro. 2010.

– McCartney, Paul. Glass Walls – Paredes de Vidro. PETA. 2010. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=FgavacZ_47Q>.

Fonte: http://marianaideiasforadacaixa.wordpress.com/

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