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Lanche vegano do Subway leva carne vegetal da Seara e isso não deve ser tratado como problema

Chegou a hora de separar opinião pessoal do que é regra no veganismo.


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Esta semana a rede Subway lançou o Sub Veg, um sanduíche sem nada de origem animal. Publicamos um vídeo sobre o lançamento e não mencionamos que a carne vegetal usada no lanche é fabricada para o Subway pela empresa Seara, que pertence ao frigorífico JBS.

Algumas pessoas mostraram descontentamento com essa situação. Embora tenha sido realmente uma minoria absoluta em comparação às pessoas que não vêem problema nisso, achamos que vale aqui um esclarecimento.

A empresa que fornece a carne vegetal não foi citada porque não citamos nenhum fornecedor do sanduíche. Não citamos o fabricante do cheddar vegetal, do pão italiano branco, dos ingredientes que compõem os molhos BBQ e Cebola Agridoce e por aí vai.

Não entendemos como um problema o Subway usar a Seara como fornecedora de carne vegetal. A empresa que fornece o cheddar totalmente vegetal do Sub Veg, por exemplo, é uma indústria gigante e multinacional chamada Kerry, que tem uma linha grande de produtos feitos com leite de vaca. Mas que agora também tem uma divisão dedicada a desenvolver produtos 100% vegetais.

Não sabemos quem fornece os pães para o Subway, mas certamente não é uma empresa 100% vegana, até porque quase todos os pães da rede têm algo de origem animal, com exceção do pão italiano branco.

É claro que pode chocar um dos maiores matadouros do mundo como a JBS investir em carnes vegetais. Mas as principais ONGs veganas e os principais ativistas do movimento têm uma opinião clara sobre isso: apoiar produtos veganos, mesmo que venham de empresas assim. Se um dia a JBS ganhar mais dinheiro com proteína vegetal por conta da demanda, é possível sim que ela deixe de matar animais.

Veja o que tem para falar o ativista norte-americano Gary Yourofsky, que influenciou milhares de pessoas a se tornarem veganas com suas palestras (veja aqui).

Outro Gary, mas de sobrenome Francione, uma das primeiras pessoas no mundo a falar sobre abolição da exploração animal, também tem uma opinião semelhante (assista aqui). Gary Francione é professor de direito nos Estados Unidos e é sempre citado como referência no movimento vegano.

Ativistas mais jovens, mas também muito relevantes dentro do movimento como James Aspey (Austrália) e Earthling Ed (Inglaterra) também não enxergam polêmica em consumir produtos veganos de empresas que não são veganas.

Aos que ainda encaram essa situação como problemática, uma dica: experimente entrar na cozinha do restaurante vegano que você frequenta para ver quais são os fornecedores de insumos usados no local. É muito provável que haja marcas que não são totalmente veganas e possivelmente até ligadas a frigoríficos.

Muitos locais que vendem carne mas que têm boas opções veganas são frequentados por veganos sem polêmica ou questionamentos. É o caso da lanchonete Prime Dog, em São Paulo. No geral, os veganos incentivam que esses locais tenham opções veganas, mesmo que seja um ou outro sanduíche, mesmo havendo há anos no mesmo ambiente sanduíches com carne.

A sorveteria Soroko, a primeira no país a oferecer opções veganas, até hoje é um ponto de referência para veganos da capital paulista, mas há lá freezers cheios de sorvetes feitos com leites de vaca.

O que deveria ser feito? Boicote ao Prime Dog e à Soroko por não serem totalmente veganos ou incentivo para que haja mais opções veganas disponíveis para facilitar a vida de quem quer se tornar vegano? Acreditamos que o incentivo é o melhor caminho. E isso tem que valer para empresas grandes ou pequenas, sem hipocrisia.

Considerando que todas as principais ONGs ligadas ao veganismo – incluindo aí a The Vegan Society da Inglaterra, que cunhou o termo “vegano” em 1944 – têm opinião parecida sobre esse assunto, qualquer opinião diferente é apenas uma opinião pessoal.

Quando um vegano aponta o dedo para outro vegano dizendo que ele não pode ser considerado um vegano de verdade por comer um sanduíche com carne vegetal da Seara, ele está apenas emitindo uma opinião pessoal.

O movimento vegano apoia essas iniciativas de empresas não veganas. Qualquer coisa diferente disso é opinião pessoal. Assim como há veganos que não consomem nada que esteja escrito na embalagem “pode conter traços de leite”. Há ainda um grupo que não consome nada de grandes corporações, mesmo se for um produto sem nada animal. Tudo isso é opinião pessoal, não é regra do veganismo.

Chegou a hora de separar opinião pessoal do que é regra no veganismo.

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