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O veganismo e o underground


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Por Fabio Chaves, fundador e infoativista do Vista-se  | Quando eu tinha 15 anos, comprei um CD de rock em um supermercado sem nem saber bem o que eu estava levando. Era a primeira vez que eu comprava um CD e a escolha se deu por conta da capa enigmática do álbum “Nine Lives”, do Aerosmith. Logo nos primeiros segundos aquele disco estranho me agradou, com um berro que imitava um miado de gato (aquele tipo de coisa que alguns pais abominam no rock).

Pouco tempo depois eu comecei a andar de preto e a pesquisar profundamente a história do rock, as bandas, as tragédias e tudo mais. Eu era um desses adolescentes que anda com uma “peita” de sua banda preferida e é visto com maus olhos por parte da sociedade. Eu aprendi muito com o rock: de entender a língua inglesa até questionar o que, até então, parecia inquestionável, normal, do dia a dia, o “todo mundo faz”.

Como por uma seleção natural, a maioria dos meus amigos – alguns guardo comigo até hoje – era também feita de roqueiros questionadores que queriam mudar o mundo. Eu também queria – e quero. Eu percebi que havia muitas pessoas que, quando o assunto era banda de rock, tinham uma opinião bem clara: não pode ser “muito” famosa.

Sabe aquela sensação de falar o nome de uma banda em uma roda de amigos e ter a certeza de que ninguém ainda conhece? Quanto mais underground, melhor. É uma sensação boa, de que você é o provedor da informação, o “rei do camarote preto”. A impressão que eu tinha é que as pessoas torciam para que a banda favorita delas não fizesse muito sucesso porque assim perderiam o poder de mostrar para as pessoas o quanto elas eram antenadas e cool, apresentando sempre uma banda nova (e boa).

Anos se passaram e eu me tornei vegano. Comecei um projeto para divulgar tudo que eu descobria sobre esse ilustre desconhecido, o veganismo. O Vista-se começou justamente porque eu achava, em 2007, que o veganismo era muito underground por tudo que ele representa, a importância que essa filosofia tem. Eu achava – e acho ainda – que o veganismo precisa virar mainstream, o assunto mais falado e debatido.

Em quase 7 anos publicando diariamente sobre veganismo, notei que algumas pessoas reagem à popularização dele exatamente como alguns roqueiros reagem ao ver sua banda preferida sair do underground.

Quando a banda é boa, ela fatalmente vai se tornar popular. É claro que existem bandas que nunca serão famosas e que são ótimas, mas elas são populares dentro do seu círculo e certamente têm um gráfico evolutivo quanto a isso, ou seja, elas estão cada vez mais conhecidas, mesmo que não estejam em um programa de domingo à tarde.

Vejo o veganismo de forma semelhante. É uma filosofia de vida com a qual praticamente todas as pessoas se identificam, embora poucos a pratiquem. Pergunte a alguém o seguinte: “Você é a favor do assassinato de animais de forma completamente desnecessária?” Informe que comer animais e seus derivados é desnecessário e observe as reações. É muito provável que você ouvirá um “Ai, eu queria tanto ser vegana(o), mas não consigo”.

Não são dados oficiais, mas posso chutar aqui que 8 em cada 10 pessoas dirão que não conseguem largar o consumo de produtos de origem animal pelo sabor deles e pela facilidade de acesso, incluindo o preço. E quando o veganismo for mainstream? E quando “queijos” veganos forem mais gostosos e baratos que queijos convencionais? Já pensou em quantos animais poderão ser salvos? Você vai ficar lamentando e criticando ou comemorando? Isso definitivamente vai acontecer. Talvez em alguns séculos, mas vai.

Não deixemos o veganismo no underground. É uma banda boa demais para ficar desconhecida.

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