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Ativista interrompe palestra da Mercy For Animals Brasil e denuncia sobre abate humanitário e ovos

Entenda o que aconteceu.


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Uma palestra do grupo brasileiro da ONG norte-americana Mercy For Animals (MFA) foi interrompida no dia 10 deste mês por um ativista vegano. Um representante da ONG CAMALEÃO, do Vale do Paraíba, em São Paulo, subiu com cartazes ao palco da apresentação que era conduzida por um membro da Mercy For Animals Brasil.

Douglas, do CAMALEÃO, acusou a MFA de ter recebido 1 milhão de dólares especificamente para fazer campanhas em prol dos ovos de galinhas criadas fora de gaiolas – normalmente em galpões superlotados. O sistema é chamado de cage free ou free range. Nesse tipo de sistema, há todas as práticas cruéis do sistema com gaiolas como debicagem, o descarte dos pintinhos que nascem machos e morte no fim da vida útil das galinhas. Só não há mesmo a presença gaiola.

O tema da acusação do ativista durante sua intervenção na palestra da MFA já foi abordado aqui no portal Vista-se e tem fundamento (relembre aqui). A doação realmente aconteceu e ajudou a MFA a montar o seu escritório no Brasil, que conta hoje com 21 funcionários remunerados, além de vários voluntários.

A ONG CAMALEÃO publicou em sua página no Facebook uma carta assinada por mais de 40 grupos brasileiros sobre este assunto (veja aqui).

No entanto, por meio da área de dúvidas frequentes de seu site, a MFA nega a acusação de promover o consumo de ovos. A ONG afirma que realmente recebeu a doação citada de 1 milhão de dólares mas que foi especificamente para fazer campanhas contra o uso de gaiolas na produção de ovos, não para promover a venda de ovos oriundos de fazendas que não usam gaiolas (veja aqui).

Ainda sobre a questão dos ovos, a MFA afirma que não tem parceria com nenhuma empresa do agronegócio ou varejistas.

A MFA costuma cobrar posicionamentos de grandes redes de supermercados, como é o caso no Brasil do Grupo Pão de Açúcar (GPA). A MFA fez uma grande campanha, pediu e juntou milhares de assinaturas, para que o GPA se comprometesse a não comprar mais ovos de galinhas criadas em gaiolas.

Ao mesmo tempo em que firmou o compromisso de banir todos os ovos de galinhas criadas em gaiolas até 2025, o GPA anunciou uma linha de ovos produzidos por galinhas livres de gaiolas (veja aqui). Essas galinhas ficam em galpões superlotados e são mortas após alguns anos de exploração por seus ovos, assim como as que ficam em gaiolas.

Ainda que a MFA afirme não ter recebido a generosa doação para promover a venda de ovos de galinhas criadas fora de gaiolas, sua campanha acaba, mesmo que indiretamente, fomentando um mercado muito interessante para os empresários. O consumidor aceita melhor o ovo que vem de uma galinha criada fora de uma gaiola – mesmo que seja em um galpão – e ainda topa pagar mais por isso.

O Grupo Pão de Açúcar usa o termo “livres de gaiolas” estampado bem grande nas embalagens dos novos ovos (veja aqui), convidando o consumidor a comprar um produto que parece ser ético.

Fora a questão dos ovos, que já havia sido bastante divulgada em 2017, Douglas levantou um outro ponto. Em 2015, o Diretor de Educação Global da Mercy For Animals, Alan Darer, afirmou ao jornal Huffpost que acha o projeto Brain-dead Chicken, que propõe tirar a vida de galinhas por meio de um corte no cérebro, “uma ideia interessante” (veja aqui).

Resumidamente, o projeto Brain-dead Chicken (Galinha com Cérebro Morto) consiste em uma proposta experimental de um estudante de arquitetura do Reino Unido que sugere que galinhas devam ter seu córtex cerebral retirado.

Isso, segundo o estudante, facilitaria muito o manejo porque as galinhas seriam como “mortos-vivos”. Elas ocupariam muito menos espaço do que em uma fazenda e poderiam ser alimentadas por canos para engordarem e serem definitivamente abatidas posteriormente.

O estudante chegou a projetar como essas galinhas ficariam empilhadas e as imagens se assemelham muito ao filme Matrix (veja aqui). Como elas não andariam ou esboçariam qualquer reação, os pés poderiam ser cortados para ganhar ainda mais espaço.

A crítica de Douglas à Mercy for Animals nesse caso se concentra na declaração de Alan Darer. Como um Diretor de Educação Global de uma ONG de grande alcance, era esperado que ele se opusesse com argumentos éticos, e não que dissesse que é “uma ideia interessante”.

Baseado principalmente nesse caso, Douglas afirma que a MFA é uma ONG que concorda com o chamado abate humanitário. A MFA, também pela página de dúvidas frequentes, nega que seja a favor do abate humanitário e afirma ser umas instituição vegana e abolicionista (veja aqui).

A ONG CAMALEÃO fará uma live no domingo (25) às 22h30 por meio do Instagram (acesse aqui) para atender o público dando mais detalhes sobre os problemas do bem-estarismo e o impacto dele para milhões de animais.

Abaixo, é possível ver o momento em que Douglas pede licença e sobe ao palco, interrompendo a palestra da MFA.

Assista ao vídeo | YouTube

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