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Um churrasqueiro opinando sobre veganismo na Folha de S. Paulo


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Uma experiência obviamente realizada apenas para criticar de forma pejorativa o veganismo.

O crescimento do veganismo a passos largos no Brasil tem incomodado muita gente do mundo gastronômico. Isso porque a maioria absoluta dos restaurantes de alto padrão insiste que “alto padrão” é comer as coisas mais esquisitas e nojentas possíveis, mas de forma elegante.

Quem nos brinda com opiniões dignas de serem emolduradas e penduradas em uma churrascaria desta vez é Josimar Melo, famoso crítico gastronômico brasileiro que escreve para a Folha de S. Paulo. Amante assumido de carnes e outros produtos de origem animal, Josimar diz que passou uma semana sem consumir nada de origem animal, a fim de escrever uma matéria sobre a experiência.

Da turma do chef-caçador Alex Atala e de tantos outros reacionários da gastronomia, Josimar lamentou os sete dias em que ficou sem comer picanha. Ele não tentou disfarçar que seus dois textos publicados nesta quarta-feira (27) na Folha de S. Paulo são ataques abertos aos veganos (texto 1, texto 2). Insistentemente e de forma mentirosa, afirmou que os veganos usam a alimentação apenas para “sobreviver” e que tendem a ser desnutridos.

Como crítico gastronômico que se mete a dar conselhos nutricionais, Josimar deveria ao menos ter pesquisado para saber que uma alimentação sem nada de origem animal é plenamente possível em todas as fases da vida e reconhecida como tal pela ADA (Associação Dietética Americana) [veja aqui] e pelo CRN3 (Conselho Regional de Nutricionistas SP / MS) [veja aqui]. A única vitamina que não conseguimos com uma alimentação 100% vegetal é a B12. Os motivos já foram comentados por um nutricionista aqui no Vista-se, leia aqui.

Fora os pitacos mentirosos sobre nutrição, o que restou nos textos de Josimar foram apenas expressões vazias sobre como tecidos, músculos e outras partes de animais mortos deixam a mesa mais prazerosa e alegre. Para encerrar sua experiência no mundo vegano, Josimar comeu um prato preparado com estômago de boi.

Quem decide tornar-se vegano não o faz baseado apenas na futilidade de ter prazer à mesa e sim por convicções éticas em relação aos animais. Se a carne de bebês humanos for considerada um dia uma iguaria gastronômica, muitas pessoas se colocarão contra, afirmando que é antiético e que pouco importa se a carne é saborosa ou não. A ideia por trás do veganismo é a mesma.

Ainda assim, a gastronomia vegana é rica em nutrientes (normalmente muito mais do que a dieta onívora padrão: feijão, arroz e bife), bonita, saborosa e colorida. Josimar não consegue enxergar isso por questões particulares, talvez vinculadas a conflitos de interesse ou simplesmente por gosto.

Para balancear as besteiras vomitadas por Josimar Melo, a Folha de S. Paulo publicou simultaneamente a opinião do jornalista Yuri Gonzaga, também da Folha, que é vegano. Yuri diz que ser vegano é muito mais fácil do que parece e critica o texto de Josimar: “Não se assuste ao ouvir que suas possibilidades gastronômicas serão insossas, tape o nariz para os argumentos conservadores e faça a experiência.”, leia aqui.

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