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25/11, mulheres e animais: um dia pela não-violência


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Por Ellen Augusta Valer de Freitas
Hoje comemora-se o Dia Internacional da Não-Violência contra as Mulheres, e neste dia também é a Sexta-feira Mundial Sem Peles. São causas diferentes à primeira vista, e minha luta tem sido mostrar que direitos animais e direitos femininos têm muito em comum. E é uma luta, pois confesso que não é fácil. O diálogo passa por distanciamento e intolerância de parte de algumas pessoas dos grupos feministas. Bem como, pela ignorância, e é aí que entra nosso ativismo.

A convite da jornalista, feminista e ativista do movimento negro e da ONU Mulher, Vera Daisy Barcellos, nesta sexta, 25 de novembro, participei do flashmob realizado às 11h no Largo Glênio Peres, Centro de Porto Alegre. A ação foi uma dança ritmada pelo batuque, pró-luta pela não-violência contra a mulher. Vera Daisy confessou ter ficado espantada com a presença do público e com o sucesso efetivo das redes sociais, grande aliada às lutas em geral. Apesar da grande Imprensa ficar bastante incomodada com as grandes manifestações em todo o mundo, fato que rendeu até artigos contra isso em alguns jornais, dizendo que só os ‘ricos’ fazem protesto, como se não fosse evidente que todas as manifestações da história começaram com pessoas mais abastadas, justamente por terem mais condições de iniciar uma luta. O fato é que a Internet tem sido ferramenta essencial a todos os movimentos, e serve de guia para a união entre todos.

Ajudei a distribuir panfletos, fiz fotografias e vídeos, chamei as pessoas passantes para participar. Conversando com uma feminista, percebi o grande abismo que ainda existe entre feministas e animalistas, ambos lutando pelo fim da violência, mas tratando-se como se não se conhecessem. Ou como se o assunto fosse tão estranho a ponto de se fazer cara feia e de espanto. Ela me pergunta que mal tem usar o leite da vaca, ‘se as mães humanas usam o seu leite para amamentar seus filhos’. Ora, parece elementar que a mãe humana não é trancafiada com tubos nas tetas para alimentar seres (adultos) de outra espécie, que lucra e muito com isso. As vacas e outras fêmeas, têm seus filhos roubados que não podem ser amamentados e estes, no caso das vacas, virarão vitela se forem machos, ou virarão vacas leiteiras se tiverem o azar de nascerem fêmeas.

Só parece elementar. Só parece óbvio. Em nossa sociedade, essas coisas, que para os ativistas estão caindo de maduras de tão triviais, para as pessoas comuns, mesmo as engajadas em causas, não parecem tão óbvias. Parecem coisas de outro planeta. Mulheres esclarecidas, com curso superior, feministas, ainda não sabem que outras fêmeas sofrem violência parecida com as fêmeas humanas, e acham que isto nada tem a ver com a violência masculina. Que em última análise, sempre passa pela violência contra os animais, seja da forma que for. Elas não se dão conta que as mesmas pessoas que estão trabalhando ali no matadouro, que estão sendo exploradas pelo sistema capitalista que elas mesmo condenam, mas que para comprar leite e ovos fazem o jogo do patrão, são as mesmas pessoas que são vítimas da violência doméstica e da violência em geral. Essa ligação precisa ser feita, como já provoca Gary Francione, ‘se você é feminista, é inadmissível ainda seguir financiando a produção de leite e ovos’, de carne e outras que estão intimamente interligadas. Ela não entendeu o que significa ‘financiando’ as empresas e fazendinhas que exploram animais, no momento em que achamos normal consumir laticínios e carne. Acha que financiar significa dar grandes somas e não comprar todos os dias leite, ovos e carne.

A economia básica mostra que se compramos muito um produto, ele recebe mais atenções, mais visibilidade, e portanto mais financiamentos, seja do que for. Estamos sim financiando a matança de animais ao entrar na fila do açougue. Estamos com isso, pagando alguém para matar, em vez de pagar alguém para plantar. Estamos financiando o sofrimento de outras fêmeas, e portanto, sendo incoerentes com o feminismo, no momento em que achamos normal explorar uma galinha poedeira, uma vaca leiteira, mas achamos um absurdo que o mesmo seja feito a uma fêmea humana. Além de incoerente é preconceituoso. É especista.

Portanto, nós ativistas temos papel importante no esclarescimento de questões sobre os direitos animais, seja no âmbito da educação, seja no dia-a-dia com as pessoas, pois a tendência natural é que os ativistas se sintam entediados diante do desconhecimento básico da população sobre o assunto. Mas lembre-se, para os ‘grandes interesses’ de alguns setores da sociedade que estão em jogo, é interessante que a população continue ignorante, continue achando que está engajada, mas no fundo desconheça peças essenciais do grande quebra cabeça que é a exploração dos mais fracos pelos mais fortes.

Para ver o vídeo do flashmob entre aqui.

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