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Despreconceito


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Descobri minha preferência afetiva bem cedo, havia algo que me atraía em alguns amiguinhos que não existia com as meninas, sempre soube, mas apenas aos 15 anos que isso realmente ficou claro para mim. Aos 16 me assumi para todos os amigos e familiares, e a naturalidade com que tratavam o fato me deixou cada vez mais forte para dizer “sou gay”. Depois da fase rebelde ganhei minha independência, fui morar sozinho e iniciei minha carreira profissional. Nessa época conheci o vegetarianismo e ganhei um novo rótulo, tornei-me Gay e Vegetariano.

Em um relacionamento notei que não precisava mais usar a palavra “gay”, apenas dizer “meu namorado”. Com essa mudança percebi que a reação das pessoas mudara. Ao invés de espanto, a pessoa, durante a fase inicial de compreensão, ficava levemente desconcertada, mas uma conversa conseguia fluir com grande facilidade. Percebi que assim a pessoa não precisava lidar com um preconceito, mas ao agir naturalmente eu fazia ela lidar com o aqui e agora. Logo, não precisava mais falar que sou gay, perdi um rótulo.

Quando me tornei vegano percebi que não havia preconceito, afinal, não havia conceito algum. Mal o termo vegetariano era compreendido, mas tinha um preconceito ali mesmo assim. Ao falar que era vegetariano pensavam que eu era geração “saúde”, não importando quanto eu reforçava sobre os animais. Tentei usar a mesma técnica que a primeira, comecei a apresentar minha filosofia abertamente: “Não como carne ou produtos de origem animal” ou “Não apoio maldade contra os bichos”. Mas aqui percebi que havia uma contra-resposta: A maldade “partia” do ouvinte e por isso gerava um sentimento de culpa que a frase “este é meu namorado” não gerava. Então a pessoa normalmente fica defensiva, confusa, desconfortável e até mesmo agressiva. Percebi que em certas ocasiões é melhor usar o rótulo “sou vegano” e depois o complemento “não como carne e derivados de animais”, pois assim a pessoa acaba se atentando ao conceito novo para ela.

Sei que o desconforto que surge nem sempre é ruim, mas você está falando do outro de maneira indireta. Se declarar vegano é dizer “sou contra isso que você faz”. Só que eu não sou contra a pessoa, quero defendê-la, tanto quanto o bicho. Mas não importa, logo a pessoa vai chamá-lo de radical e vai buscar seus “direitos de comer outros animais”. E aí é hora de trabalhar um velho preconceito, o radical, que não é só aquele que solta bombas para iniciar uma pseudo-revolução, mas aquele “radical” que é  íntegro, que vai na raiz do problema e quer resolvê-la.

Pois é, daí percebi que ser vegano é também formar um novo conceito, o conceito de respeito à vida. Mas a sociedade deforma conceitos, e um gay, por exemplo, se torna um ser inferior, mas uma mulher/homem homossexual é apenas uma pessoa “diferente”. É a briga de egos, de motivos para “rebaixar” alguém para conseguir a falsa sensação de superioridade. Vencer uma guerra entre o Você e o Eu, onde seus únicos aliados são os iguais.

E eu sou igual mas diferente, sou vegano, contrário à qualquer abuso e maus-tratos, qualquer ação que interfira nos interesses do outro indivíduo quanto ao seu bem-estar e liberdade. E sou um Humano, um ser que está aprendendo. E meu nome é Anderson. Agora, por favor, me desconceitue.

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