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Vegfest: aprendizado, polêmica e tudo o que rolou no maior evento vegetariano da América Latina

O próximo será já no ano que vem.


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De 30 de agosto a 03 de setembro, aconteceu o Vegfest, um grande evento organizado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB). Neste ano, o Vegfest aconteceu em Campos do Jordão, São Paulo, no hotel Serra da Estrela.

A estrutura oferecida pelo local do evento em parceria com a SVB, aliada ao trabalho de dezenas de voluntários, fizeram com que a parte de organização do evento fosse indiscutivelmente excelente.

O Vegfest ofereceu muitas horas de conteúdo em palestras e demonstrações culinárias totalmente vegetais ao vivo. Houve também uma feira vegana fixa com mais de 40 expositores e food trucks. Entre equipe e congressistas, o evento teve mais de 1.000 pessoas envolvidas. Algumas palestras chegaram a ter 570 cadeiras ocupadas e ainda teve gente assistindo ao conteúdo em pé.

A discussão, necessária e bem-vinda nesse tipo de evento, este ano centrou-se na questão da estratégia para alcançar um objetivo comum: a libertação animal.

A polêmica ficou especificamente na questão das campanhas contra gaiolas de bateria na produção de ovos: seria válido apostar nesse tipo de estratégia para ajudar os animais hoje, mirando um futuro vegano, ou as campanhas nesse sentido poderiam virar munição de marketing para que as empresas de ovos vendam seus produtos para consumidores “mais conscientes”?

Praticamente todos os palestrantes que tocaram no tema afirmaram que as campanhas pelo fim das gaiolas na indústria pecuária ajudam os animais que hoje estão sofrendo e não atrapalham o progresso natural das pessoas rumo ao veganismo.

O apelo dos que defenderam a estratégia de lutar contra gaiolas na pecuária era quase sempre bastante emocional, e não argumentativa: “Se você fosse uma galinha na indústria dos ovos, ia preferir viver trancada em pequenas gaiolas até o dia de sua morte ou escolheria viver na ‘graminha verde’ enquanto pudesse?”.

Outros defensores do fim das gaiolas na indústria apresentaram dados – sem fontes – que davam conta de que países que já proibiram o uso de gaiolas na pecuária são os mesmos que apresentam maior número de veganos. Ficou a dúvida, no entanto, se há uma relação direta entre uma coisa e outra. Esses países poderiam ter mais veganos simplesmente porque são mais desenvolvidos e, portanto, têm consumidores com mais acesso à educação vegana, e não por conta da proibição das gaiolas de bateria.

Apenas o vice-presidente da ONG norte-americana PETA, Dan Matthews, e o fundador do portal Vista-se, Fabio Chaves, foram enfáticos em afirmar que essa estratégia é perigosa para os animais do ponto de vista estratégico a longo prazo.

Completando 37 anos de atuação neste ano, a PETA chegou a admitir no passado que campanhas contra o uso de gaiolas na pecuária eram válidas para ajudar os animais que estavam condenados a morrer na indústria. Atualmente, segundo Dan Matthews confirmou ao vivo, a ONG não apenas não apoia esse tipo de estratégia, como também condena e faz campanha contra.

“Nós mudamos conforme o mundo muda. Quando nós começamos, há mais de 30 anos, havia muita gente que tinha galinhas em casa e as pessoas nos perguntavam o que nós achávamos disso. Nós conhecíamos pessoas que tinham animais em casa e não eram cruéis com eles, essa questão não era um grande alvo para nós. Mas, nos últimos anos, com o movimento vegano se tornando tão poderoso, sabemos que há empresas tentando rotular seus ovos como humanitários. E nesses casos não há exceções: nós pedimos que as pessoas simplesmente se tornem veganas. Houve um tempo em que haviam pequenas fazendas, fazendas familiares, mas as empresas estão tentando usar essa filosofia, essa ideia de que as pessoas querem ovos humanitários, como marketing para os consumidores. E isso é muito perigoso e é por isso que atualmente nós dizemos que não existe essa coisa de produtos de origem animal humanitários.” – disse o vice-presidente da PETA.

Há de se levar em consideração ainda que a PETA teve décadas para averiguar e entender que campanhas contra gaiolas na pecuária ajudam a própria indústria, e não os animais.

Centenas de pessoas de todas as idades estiveram presentes no Vegfest, vindas de diferentes estados do Brasil e até de outros países. Muitos jovens que pretendem começar no ativismo estiveram atentos às falas dos ativistas mais experientes.

Fica claro, portanto, que o contraponto e a discussão sobre as estratégias que devem ser usadas no movimento pelos direitos dos animais são essenciais para formar novas mentes que lutarão pelos que não têm voz.

No fim do evento, a organização informou que o Vegfest não será mais a cada 2 anos, e sim anual. Em 2018, o evento ocorrerá na capital paulista. Ainda não há data ou local definidos.

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